Observatório da Copa do Mundo FIFA 2014

O Observatório da Copa do Mundo FIFA 2014 é um canal de informações e de estudos sobre os acontecimentos e os impactos relacionados à Copa do Mundo FIFA 2014. Neste espaço realizaremos pesquisas e debates sobre: mercantilização e politização do futebol na era da globalização, as relações de poder e de exploração da FIFA no Brasil e no mundo, a criminalização aos Movimentos Sociais, a Lei da Copa e também sobre manifestações contra a Copa no Brasil. Este é um trabalho realizado pelo grupo de estudos e pesquisas GEOPOLÍTICA DO FUTEBOL ligado à Universidade Estadual de Goiás - UnU Goiânia - ESEFFEGO.
e-mail: observatoriodacopa2014@gmail.com

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O VERDADEIRO LEGADO DA COPA DO MUNDO FIFA NO BRASIL

Professoras de e funcionárias de creches do DF fazem manifestação em frente ao Palácio do Buriti por salários em atraso

"O mundo presente e ausente que o espetáculo faz ver é o mundo da mercadoria dominando tudo o que é vivido. E o mundo da mercadoria é assim mostrado como ele é, pois seu movimento é idêntico ao afastamento dos homens entre si e em relação a tudo que produzem" (Guy Debord)

A capital do Brasil, em menos de seis meses após o fim da Copa do Mundo FIFA de futebol, experimenta atualmente o verdadeiro legado da Copa. Ou poderíamos dizer, os esfeitos colaterais pós-Copa? A construção do mais caro estádio da Copa, o chamado Estádio Nacional Mané Garrincha, que custou aos cofres públicos cerca de 2 bilhões de reais (R$ 2.000.000.000) e que ainda continua inacabado (falta a finalização das obras do entorno do Estádio), construído sob denúncias de superfaturamento e aditivos que multiplicaram o valor do orçamento inicial, e que deixaram a Novacap* em situação financeira delicada. 
Torcedores se molham durante partida no Mané Garrincha
Brasília enfrenta hoje o maior caos na administração pública, com dívida ativa do DF que ultrapassa a cifra dos 16 bilhões de reais (R$ 16.000.000.000). O governo do DF deixou de pagar os salários dos funcionários públicos (com exceção da Polícia Militar) e enfrenta uma avalanche de greves e de manifestações diárias nas ruas da capital federal. Professores, médicos, enfermeiros e cerca de 30 mil funcionários terceirizados do governo ficaram sem o recebimento dos salários neste final de ano de 2014, e todos eles engrossam as manifestações de rua em Brasília. Os hospitais não possuem insumos básicos e faltam medicamentos, creches públicas fechadas em virtude da paralisação de professores e várias obras de infraestrutura estão inacabadas na cidade. Neste mês de dezembro houve também greve do transporte público do DF, pois o governo de Agnelo Queiroz (PT) não repassou os subsídios do transporte às empresas de ônibus. Nem mesmo a tradicional festa de réveillon escapou, pois neste ano não haverá nenhuma comemoração pública com fogos de artifícios, festas ou enfeites, por recomendação da própria justiça do DF, que embargou os editais relacionados às comemorações de fim de ano. 
Estruturas suntuosas e caras do Estádio de Brasília
O caos em Brasília com greves, mobilizações e passeatas preocupam o Planalto, que teme com que tais manifestações ocorram também no dia da posse do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, que será em Brasília, no próprio Palácio do Planalto no dia primeiro de janeiro (01/12). Em virtude disso, a presidenta Dilma já deixou as Forças Armadas de sobreaviso, para qualquer eventualidade e para o exercício da força contra manifestantes, atitude comum durante a Copa e também do seu governo.
Servidores públicos da saúde fazem manifestação em frente ao Palácio do Governo do DF por salários atrasados


No total são cerca de 216 mil funcionários públicos no DF sem recebimento de salários, 13º, pensões ou aposentadorias, entre eles professores, agentes de saúde, merendeiras, agentes comunitários, auxiliares de serviços gerais, auxiliares de creches, metroviários, rodoviários e profissionais terceirizados em geral.
Pequeno Público no Torneio Internacional de Futebol Feminino em Brasília
Neste domingo último (21/12) o Estádio Mané Garrincha foi palco da final do Torneio Internacional de Futebol Feminino, realizado entre as seleções dos EUA e Brasil. O público foi de apenas doze mil pessoas (12.000), e os problemas foram além do pequeno público do estádio.
Estádio "Padrão FIFA" em Brasília deixa torcedores ensopados
A chuva que caiu durante o torneio mostrou as falácias e mentiras sobre a qualidade das construções dos chamados estádios "Padrão Fifa". Durante o jogo eram visíveis as goteiras na cobertura e por toda a parte. A cobertura de acrílico transparente não foi capaz de impedir que todos os torcedores se molhassem durante a chuva, o que provocou enorme correria e tumulto durante o jogo entre China e Argentina (disputa do 3º e 4º lugar), com todos querendo ao mesmo tempo correr e se proteger da chuva. Como se não bastasse, ainda durante a chuva o campo de gramado virou literalmente uma piscina, com poças de água por toda a parte, e o que era futebol, se transformou um um verdadeiro pólo aquático entre China e Argentina.
Corre-corre para se proteger da chuva em Brasília
Esse é o verdadeiro legado da Copa, ou seja, dívidas, empobrecimento e maiores conflitos sociais nas cidades sedes, além do aumento da repressão e violência do Estado.
Olé, Brasília!
Goteiras por toda parte no Estádio "Padrão FIFA" em Brasília

*Novacap - Companhia Urbanizadora da Nova Capital -  Empresa pública de obras e de urbanização do Distrito Federal (DF).

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