Arte e Cultura Corporal em protesto contra a Copa do Mundo FIFA no Estádio Mané Garrincha (Brasília- DF) |
"O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza não é outra coisa senão a linguagem oficial da separação generalizada"
(Guy Debord)
Não há como negar que as manifestações populares contra a Copa do Mundo de Futebol no Brasil diminuíram bastante em comparação com o mesmo período do ano passado. Em meio a chamada Copa das Confederações, os movimentos populares de maio e junho de 2013 incendiaram as ruas com atos e manifestações. Naquele período o país se assemelhava a um vulcão (erroneamente conceituado de extinto) que entrou em erupção avassaladora, levando milhões de pessoas às ruas em todas as regiões do Brasil e colocando temor e terror nos políticos e na própria polícia, colocando também em xeque instituições tradicionais e sem credibilidade como os partidos e sindicatos.
Movimento Passe Livre na Copa em Brasília-DF |
Movimento Passe Livre em ato durante a Copa 2014 |
Entretanto, ninguém sabe ao certo quais seriam as consequências de uma eliminação precoce da seleção brasileira de futebol na Copa FIFA 2014, onde somos os anfitriões. Talvez possa acender novamente a fúria e a revolta dos brasileiros contra a exploração e os abusos do governo, pois, infelizmente, assim como em versões anteriores das Copas e também durante o regime militar no Brasil, a mídia nacional sempre usou a seleção brasileira de futebol como "anestésico" para esconder e ludibriar a população em relação aos reais problemas enfrentados pelo país, como o endividamento das famílias, a alta da inflação, problemas com saúde pública, educação e etc, que são ofuscados pelo discurso ideológico da "Copa das copas", "Legado da Copa", "O melhor anfitrião de todas as Copas" e também pelo nacionalismo exacerbado promovido pelas emissoras de TV.
Entretanto, apesar da grande reação do governo contra as mobilizações populares durante o evento, muitos ainda estão saindo às ruas em plena época de Copa do Mundo, mesmo com Neymar, Hulk, Júlio César e C&A sendo expostos continuamente 24h na TV e na internet brasileira.
Hoje em Brasília (30/06/2014), na rodoviária do Plano Piloto vários estudantes e jovens do movimento PASSE LIVRE foram protestar contra a péssima qualidade do transporte público na capital federal e exigir o fim das catracas em todo o Brasil.
Apesar de estarem em número reduzido, em comparação com o ano passado (2013), estavam com megafones, faixas e bradando em alta voz as mazelas deste governo que investe 30 bilhões de reais em Copa do Mundo, mas não investe nada em transporte público de qualidade.
No mesmo momento em que os integrantes realizavam o ato em plena rodoviária do Plano Piloto, era possível observar a multidão que também utilizava os ônibus super lotados, caros e sucateados de Brasília. Enquanto isso, um grande frota de ônibus estava sendo disponibilizada de forma "gratuita" a todos os torcedores que desejavam ir ao Estádio para acompanhar o jogo às 13h, entre França e Nigéria, pelas oitavas de final da Copa. A cerca de 1Km da rodoviária, em plena entrada do Estádio Mané Garrincha, antes do jogo começar entre França e Nigéria, artistas locais realizavam uma encenação corporal, cujos movimentos explicitavam claramente uma crítica à realização da Copa do Mundo no Brasil. (ver fotos abaixo)
Com movimentos corporais descontínuos, surreais, fragmentados, lentos e tristes, e com objetos no chão que lembravam casas, mortes e pobreza, os coreógrafos expressavam nitidamente a morte de trabalhadores brasileiros nas construções dos estádios da Copa e também resgatavam a tragédia, o drama e o desespero das 250 mil famílias despejadas através das construções dos Estádios e pela especulação imobiliária produzida pela Copa. Quem disse que acabaram as manifestações? Elas continuam apesar do grande aparato militar de guerra do governo brasileiro contra as manifestações.
Torcedor Nigeriano em Brasília-DF |
Mais uma vez veio a público as trapaças financeiras entre as federações e os atletas africanos. Agora é a vez da Nigéria, que dias antes do jogo de hoje (30/06) em Brasília, se recusou a treinar em virtude do não acerto do "bicho" (dinheiro) pela participação no Mundial de Futebol.
O escândalo veio a público pela não realização do treino em Campinas-SP, cidade onde está alojada a seleção nigeriana. A FIFA que vai ter o maior lucro da história em Copas (R$ 10 bilhões) e os jogadores de vários times africanos são submetidos ao vexame público por não receberem o valor combinado com suas federações nacionais de futebol. A FIFA, os patrocinadores e as Federações querem abocanhar todo o bolo sozinhos. Jogadores mercenários? A verdade é que países da África, juntamente com seus atletas sempre são desprezados e discriminados em grandes eventos como a Copa do Mundo FIFA de Futebol, pois as transações comerciais com transmissões de TV, publicidades e venda de produtos patrocinados pela FIFA em países do continente africano, não são muito atraentes ao capital FIFA, pois o mercado africano é pobre, comparado com o da Europa ou América do Norte. Na ética da FIFA o que interessa são apenas os lucros, "Fair Play" é somente no papel.
O mais inacreditável de tudo no jogo entre França e Nigéria era o horário do jogo: 13h da tarde! Realmente desumano para os atletas jogarem neste horário e também para o público assistir aos jogos em plena arquibancada de baixo de um sol de mais de 30ºC e com umidade relativa do ar abaixo de 50% em Brasília. Mas como a lógica do capital é mesmo desumana, então para a FIFA o que vale mesmo é o dinheiro das transmissões de TV, onde os telespectadores da Europa, Ásia e América do Norte, levando em conta os fusos horários, poderão assistir aos seus jogos em casa num final de tarde ou início de noite, ajudando a aumentar o alto índice de audiência para as TV's locais, e ampliando ainda mais os lucros do patrocinadores da FIFA em todo o planeta. Esse caso é análogo aos horários do campeonato brasileiro de futebol, que precisam se adequar conforme as programações de novelas, filmes e o Big Brother da Rede Globo de Televisão.
Com a crise social na Nigéria e ameaças de terrorismo, era visível o maior efetivo de militares em volta do Estádio Mané Garrincha em comparação com jogos anteriores, principalmente com brigadas do exército e o exagero número de viaturas policiais.
Outro fato interessantíssimo é conversar com as pessoas que ficam do lado de fora do estádio durante as partidas da Copa, são garis, catadores de latinhas, estudantes, aposentados, voluntários, fotógrafos, torcedores locais e de outros países, que mesmo sem ingresso passam horas a fio escutando os gritos das torcidas de dentro do Estádio e que são amplificados pelo concreto e pela cobertura que funcionam como verdadeiras conchas acústicas.
Muitos destes são até mesmo contra a Copa no Brasil e também contra os gastos exorbitantes para a construção dos estádios, porém, estão ali bem pertinho daqueles monumentos, como se estivessem de frente às pirâmides do Egito, que parecem hipnotizar quem as observam. A diferença é que aquelas perduram a milhares de anos, enquanto nossos estádios tem o tempo contado, o tempo do capital onde "time is money".
Apesar da grande alegria dos torcedores antes do jogo, como sempre nesta Copa, ambos os países apresentaram um futebol feio de se ver e buscando apenas o resultado. As duas seleções, e todas as demais que jogaram neste Estádio de Brasília, não honraram o nome daquele que batiza o nome do estádio, o grande Mané Garrincha. Atualmente o que se vê nesta Copa é apenas o futebol feio, futebol de resultados, onde o único "espetáculo" é mesmo o "futebol business", não o espetáculo sinônimo de arte, magia, firula ou dribles, mas o espetáculo sinônimo de imagem midiática, lucro, dólares e capitalismo selvagem.
Olé!
O escândalo veio a público pela não realização do treino em Campinas-SP, cidade onde está alojada a seleção nigeriana. A FIFA que vai ter o maior lucro da história em Copas (R$ 10 bilhões) e os jogadores de vários times africanos são submetidos ao vexame público por não receberem o valor combinado com suas federações nacionais de futebol. A FIFA, os patrocinadores e as Federações querem abocanhar todo o bolo sozinhos. Jogadores mercenários? A verdade é que países da África, juntamente com seus atletas sempre são desprezados e discriminados em grandes eventos como a Copa do Mundo FIFA de Futebol, pois as transações comerciais com transmissões de TV, publicidades e venda de produtos patrocinados pela FIFA em países do continente africano, não são muito atraentes ao capital FIFA, pois o mercado africano é pobre, comparado com o da Europa ou América do Norte. Na ética da FIFA o que interessa são apenas os lucros, "Fair Play" é somente no papel.
Voluntário da FIFA em Brasília |
O mais inacreditável de tudo no jogo entre França e Nigéria era o horário do jogo: 13h da tarde! Realmente desumano para os atletas jogarem neste horário e também para o público assistir aos jogos em plena arquibancada de baixo de um sol de mais de 30ºC e com umidade relativa do ar abaixo de 50% em Brasília. Mas como a lógica do capital é mesmo desumana, então para a FIFA o que vale mesmo é o dinheiro das transmissões de TV, onde os telespectadores da Europa, Ásia e América do Norte, levando em conta os fusos horários, poderão assistir aos seus jogos em casa num final de tarde ou início de noite, ajudando a aumentar o alto índice de audiência para as TV's locais, e ampliando ainda mais os lucros do patrocinadores da FIFA em todo o planeta. Esse caso é análogo aos horários do campeonato brasileiro de futebol, que precisam se adequar conforme as programações de novelas, filmes e o Big Brother da Rede Globo de Televisão.
Com a crise social na Nigéria e ameaças de terrorismo, era visível o maior efetivo de militares em volta do Estádio Mané Garrincha em comparação com jogos anteriores, principalmente com brigadas do exército e o exagero número de viaturas policiais.
Outro fato interessantíssimo é conversar com as pessoas que ficam do lado de fora do estádio durante as partidas da Copa, são garis, catadores de latinhas, estudantes, aposentados, voluntários, fotógrafos, torcedores locais e de outros países, que mesmo sem ingresso passam horas a fio escutando os gritos das torcidas de dentro do Estádio e que são amplificados pelo concreto e pela cobertura que funcionam como verdadeiras conchas acústicas.
Muitos destes são até mesmo contra a Copa no Brasil e também contra os gastos exorbitantes para a construção dos estádios, porém, estão ali bem pertinho daqueles monumentos, como se estivessem de frente às pirâmides do Egito, que parecem hipnotizar quem as observam. A diferença é que aquelas perduram a milhares de anos, enquanto nossos estádios tem o tempo contado, o tempo do capital onde "time is money".
Torcedores sem ingresso acompanham jogo do lado de fora do Estádio Mané Garrincha |
Apesar da grande alegria dos torcedores antes do jogo, como sempre nesta Copa, ambos os países apresentaram um futebol feio de se ver e buscando apenas o resultado. As duas seleções, e todas as demais que jogaram neste Estádio de Brasília, não honraram o nome daquele que batiza o nome do estádio, o grande Mané Garrincha. Atualmente o que se vê nesta Copa é apenas o futebol feio, futebol de resultados, onde o único "espetáculo" é mesmo o "futebol business", não o espetáculo sinônimo de arte, magia, firula ou dribles, mas o espetáculo sinônimo de imagem midiática, lucro, dólares e capitalismo selvagem.
Olé!
Catador de latinhas em frente ao Estádio Mané Garrincha: custo do Estádio = R$ 1,7 bilhão |
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